Na eminência da taxação americana sobre aço, professor alerta para consequências negativas ao Brasil

Internacional
Agência Petrobras

O presidente Donald Trump disse, neste domingo (9), que deve anunciar a imposição de uma tarifa de 25% sobre importações de aço e alumínio, medida que afeta diretamente o Brasil, um dos maiores fornecedores desses produtos para os Estados Unidos. A decisão faz parte de uma estratégia do governo americano para proteger setores considerados estratégicos.

De acordo com o professor Tiago Matos, professor de Relações Internacionais no Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge), a medida impõe desafios significativos à política comercial brasileira. “Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, ficando atrás apenas da China. Contudo, a pauta de exportação brasileira para os EUA é composta por produtos de maior valor agregado, intensivos em tecnologia e capital. A indústria de transformação, especialmente aquela vinculada ao aço e alumínio, será diretamente impactada”, analisa Matos.

O professor destaca que a indústria brasileira, ao longo das últimas décadas, tem perdido participação no Produto Interno Bruto (PIB), tornando-se um dos setores mais estratégicos da economia nacional por pagar melhores salários e movimentar uma cadeia produtiva ampla. “Essa tarifa pode gerar consequências negativas na balança comercial brasileira, reduzindo a competitividade de nossos produtos no mercado americano”, acrescenta.

Um exemplo recente da relevância das exportações brasileiras para os Estados Unidos foi o anúncio da encomenda de 182 aeronaves pela empresa americana Flexjet junto à Embraer, em um contrato avaliado em pelo menos 40 bilhões de dólares. Esse montante equivale ao total das exportações brasileiras para os EUA em 2024, o que evidencia a importância dos laços comerciais entre os dois países.

Além do impacto direto sobre a indústria, Matos aponta que os investidores americanos são importantes para a economia brasileira, especialmente na participação em empresas que exportam para os Estados Unidos. “Com a elevação das tarifas, é possível que haja uma redução nos investimentos americanos no Brasil, pois os produtos fabricados aqui e exportados para os EUA ficarão mais caros e menos competitivos”, explica.

Embora a medida tarifária não mire exclusivamente o Brasil, afetando também aliados históricos dos Estados Unidos, como Canadá, México e Japão, ainda resta saber qual será a eficácia dessa estratégia no longo prazo. “No curto prazo, o impacto será significativo para as relações comerciais com esses países, mas, no longo prazo, pode levar os parceiros afetados a buscar novas alternativas e diversificar sua pauta de exportação. Para o Brasil, isso pode significar um fortalecimento ainda maior dos laços comerciais com a China”, conclui Matos.

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