Jerônimo Rodrigues reafirma interesse em ter PP na base, mas evita comentar crise em Salvador

Política
Mateus Landim/GOVBA

Com a possibilidade do retorno do PP à base do governo estadual e diante da instabilidade do partido em Salvador, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), optou por não se aprofundar sobre o impasse vivido pela legenda na capital. No entanto, ele reforçou seu desejo de que a sigla integre oficialmente sua base política.

A declaração foi feita na manhã desta quarta-feira (5), durante a abertura dos trabalhos na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), onde o governador apresentou sua mensagem aos parlamentares. Jerônimo também destacou o papel dos mandatos progressistas no apoio à sua gestão.

“Eu tenho dito sempre que o PP tem me ajudado bastante. Não o partido institucionalmente, mas os mandatos de deputados estaduais e federais têm me ajudado aqui e em Brasília, nas emendas. Todas as vezes que eu me reúno com a minha bancada e a bancada da Bahia, tenho recebido muito apoio. Inclusive de acenos para emendas, e é o que me interessa. Aqui na Bahia, já manifestei meu interesse de ter o PP na base, enquanto partido. Mas preciso aguardar qual será a decisão do partido como um todo. Prefiro não falar do PP individualmente por município, mas estou falando aqui que estou manifestando meu interesse e alegria caso o PP venha a compor minha base enquanto partido”, disse o governador.

Crise interna no PP

Na última semana, vereadores do PP emitiram uma nota alertando sobre a incerteza enfrentada pelos eleitos da legenda em Salvador. Entre as preocupações, destacaram a pressão para que o partido ingresse por completo na base do governo estadual.

A sigla é a que conquistou o segundo maior número de cadeiras na Casa, com cinco vereadores, só ficando atrás do União Brasil, que possui sete representantes. A base Progessista é composto por Maurício Trindade, Sidininho, Gordinho da Favela, Sandro Filho, além do vereador mais bem votado no último pleito, Jorge Araújo.

A principal resistência ao alinhamento com a base petista foi verbalizada por Sidininho, na primeira Sessão Ordinária da Câmara em 2025.

“Durante todo o processo eleitoral, fomos enganados através de promessas falsas. Agora, preciso entender se é de verdade, se vai acontecer, ou se vamos ter que lutar dia a dia, na ampla minoria, para defender nossos movimentos. O PP já vem demonstrando um movimento pró-Jerônimo. Estou fora desse movimento, e nunca, mas nunca, pretendo voltar para aquela base que não tem qualquer tipo de respeito a Salvador, ao Legislativo Municipal e aos vereadores”, disparou.

Sidininho deixou o Podemos antes do último pleito já que a sigla decidiu apoiar Geraldo Júnior (MDB), oposição a Bruno Reis (União) no último pleito.

O desempenho do PP na Bahia

No contexto estadual, o PP se afastou do grupo petista nas eleições de 2022, mas, desde o início do mandato de Jerônimo, iniciou um movimento de reaproximação com o governo. Inicialmente a partir dos deputados estaduais e, posteriormente, com prefeitos do interior.

Nas últimas eleições municipais, o PP elegeu 44 prefeitos, uma queda significativa em relação a 2020, quando conquistou 92 prefeituras — uma redução de 44,5%. Apesar disso, o presidente estadual do partido, João Leão, avaliou positivamente o resultado, destacando as alianças estratégicas formadas no processo.

“Nós tivemos muitas alianças vencedoras, como Lauro de Freitas, com Débora Régis. Aliás, na Região Metropolitana conseguimos barba, cabelo e bigode, só ficou faltando a pontinha do cavanhaque, que seria Camaçari. Mas fora isso, Salvador, Lauro de Freitas, Candeias, São Francisco do Conde, Simões Filho”, afirmou Leão em entrevista ao Nordeste Agora.

Mesmo com o número reduzido de prefeituras, o PP se manteve como a quarta força política no estado em número de gestores eleitos, sendo uma peça-chave na disputa entre governo e oposição. Atualmente, a legenda ainda tem mais cidades sob seu comando do que o União Brasil, ficando atrás apenas de PSD, Avante e PT no ranking estadual.

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