Primeira Sessão da Câmara debate diversidade religiosa, disputas partidárias e cannabis

Política
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A primeira sessão legislativa da Câmara Municipal de Salvador, realizada nesta terça-feira (4), foi marcada por discursos acalorados sobre diversidade religiosa, disputas internas entre partidos e a regulamentação da cannabis medicinal. Com vereadores estreantes e outros veteranos reafirmando suas pautas, o plenário refletiu a diversidade de posicionamentos políticos que devem nortear os debates deste ano.

Tensões no PP e PSDB Marcam Disputa Partidária

O Partido Progressista (PP) foi um dos destaques da sessão, com parlamentares expondo insatisfações internas. O vereador Sidinho afirmou que, apesar da insatisfação com a legenda, ele e Maurício Trindade continuarão na base do prefeito Bruno Reis (União Brasil). “Não existe insatisfação com o prefeito, mas sim com o partido”, disse. Já Gordinho da Favela reforçou sua fidelidade a Bruno Reis e sinalizou que, caso o PP tome outro rumo, buscará abrigo em outra legenda.

No PSDB, a disputa por espaço também foi mencionada. O vereador Téo Senna, que já foi preterido na liderança do partido e na composição da Mesa Diretora, ainda aguarda definição sobre seu papel nas comissões da Casa. Na sessão desta terça-feira, o edil bravou: “vocês vão ter que me engolir”.

“Cristofobia”

A defesa do combate à chamada “cristofobia” foi um dos temas que mais geraram repercussão no plenário. O vereador Cézar Leite (PL) anunciou que seu primeiro projeto será voltado para essa questão. “Estamos vendo ataques diários à nossa fé. Vamos acabar com isso em Salvador”, declarou.

Luiz Carlos (Republicanos) endossou a fala e criticou manifestações culturais que, segundo ele, ridicularizam símbolos cristãos. “Fui ao Ministério Público e parecia que falava com a parede”, desabafou.

Por outro lado, o vereador Silvio Humberto (PSB) rebateu os discursos e ressaltou que religiões de matriz africana foram historicamente perseguidas. “Até 1988, eram as únicas que precisavam de licença para serem exercidas. Precisamos sair da hipocrisia. Me preocupo com tanta afroconveniência”, pontuou. A Casa se solidarizou com o discurso do socialista

Cannabis Medicinal 

Outro tema de destaque foi a demora na implementação da política de cannabis medicinal aprovada em 2023. O vereador André Fraga (PV) cobrou explicações da Secretaria de Saúde, afirmando que o prefeito Bruno Reis já destinou recursos para a iniciativa, mas o projeto não saiu do papel.

A pressão teve apoio da bancada de oposição e do líder do governo, Kiki Bispo, que se comprometeu a acionar o secretário de Saúde, Alexandre Reis, para dar andamento à questão.

Outros Destaques da Sessão

A sessão também teve discursos marcantes de novos vereadores e veteranos. O mais votado da eleição, Jorge Araújo (PP), celebrou sua chegada ao Legislativo: “Passa um filme na minha cabeça. Hoje realizo um sonho”.

Marcelle Moraes (PV) rebateu críticas sobre a atuação do castramóvel e reforçou sua defesa da causa animal. “Quem quiser fazer picuinha na internet, que venha com seriedade. O castramóvel nunca usou lacre no serviço”, disse.

Cláudio Tinoco (União) defendeu a regularização do transporte alternativo: “Micro-ônibus seguem sem regulamentação, e mototaxistas precisam de novas normativas”.

Kenio Rezende (PRD) se colocou à disposição para articular projetos: “Estou pronto para trabalhar pela cidade”.

Isabela Souza (Cidadania) destacou sua trajetória política: “Entro pela porta da frente, e trabalharei pelas periferias”.

Marcelle Moraes (PV) reforçou sua atuação na causa animal: “Construímos um Hospital Veterinário, dois castramóveis, mas ainda há muito a fazer”.

Sandro Filho (PP) se emocionou: “Fui perseguido e impedido de entrar na Câmara, mas hoje estou aqui e serei combativo”.

Marta Rodrigues (PT) cobrou fiscalização ambiental no Carnaval: “Camarotes não podem prejudicar o meio ambiente”. Já Eliete Paraguaçu (PSOL) propôs uma política específica para marisqueiras, quilombolas e pescadores: “Todo mundo consome nossa gastronomia, mas não há apoio a esses trabalhadores”.

Randerson Leal (PDT) criticou a mudança do circuito do Carnaval: “A prefeitura impõe a ida para a Boca do Rio sem dialogar com os agentes do Carnaval”.

Felipe Santana (PSD) abordou mobilidade: “A falta de diálogo exclui quem não tem o Salvador Card. Como ficam os que chegam pelas ilhas?”.

Anderson Ninho (PDT) destacou sua produtividade: “Meus seis primeiros projetos de lei e quatro primeiros projetos de indicação já estão prontos. O foguete não tem ré”.

Ricardo Almeida (PSC) defendeu a importância do diálogo com o Executivo: “Essa ponte precisa ser mantida para avançarmos”.

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