O deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) comunicou oficialmente, nesta quinta-feira (17), o encerramento de sua greve de fome, iniciada em protesto contra o processo que pode resultar na cassação de seu mandato na Câmara dos Deputados. O parlamentar, que passou nove dias em jejum, declarou sua decisão durante coletiva realizada no Congresso Nacional.
“Meu muitíssimo obrigado a todo mundo que fez com que esse momento fosse possível. A luta contra a injustiça não vai parar”, afirmou Glauber à imprensa. “Não temos como agradecer a isso a não ser continuando a luta durante esses 9 dias. No décimo dia não estarei em greve de fome, mas vamos continuar tocando tudo aquilo que levou à tentativa de injustiça, mas que não se operou por conta da mobilização de vocês”, completou.
A suspensão do protesto ocorre após negociações envolvendo o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), mediadas pelos deputados Lindbergh Farias (PT-RJ) e Sâmia Bomfim (PSOL-SP). O PSOL ainda pode entrar com recurso até a próxima terça-feira (22) junto à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.
Segundo o próprio parlamentar, a interrupção da greve aconteceu após amplo diálogo com aliados e representantes de movimentos sociais. “Estou nesse momento suspendendo a greve de fome que anunciei há nove dias. Essa suspensão – depois de dialogar com os movimentos e conversar muito em uma reunião que durou bastante tempo – vem depois de um compromisso que foi assumido pelo presidente da Câmara”, declarou o deputado.
Durante o período de greve, Glauber permaneceu nas dependências da Câmara, ingerindo apenas água, soro e bebidas isotônicas, conforme informou sua assessoria. Estima-se que ele tenha perdido cerca de cinco quilos ao longo da manifestação. O processo contra Glauber Braga foi motivado por uma acusação de agressão a um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL).
A reunião que selou o acordo contou com a presença da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, além de parlamentares do PSOL e do PT, como Talíria Petrone (RJ) e Lindbergh Farias (RJ). De acordo com Hugo Motta, uma vez protocolado o recurso até o dia 22 de abril, haverá um intervalo mínimo de 60 dias antes que o tema seja levado à votação em plenário. Dessa forma, a deliberação sobre o caso só deve ocorrer no segundo semestre deste ano, após o recesso do Legislativo.