“Camarotes são montados com antecedência, por que a estrutura dos ambulantes não poderia?”, rebate presidente do sindicato

Carnaval 2025
Divulgação/MP

A poucos dias do Carnaval de Salvador, a presidente do Sindicato dos Ambulantes, Graziela Lima Santos, avalia as condições de trabalho para os vendedores que atuarão nos circuitos da festa. Apesar das críticas de frequentadores da Barra sobre os impactos das obras da Plataforma dos Ambulantes, Graziela considera que a antecipação da montagem trouxe melhorias significativas.

“Os camarotes são montados com antecedência, por que a estrutura dos ambulantes não poderia ser? Se fosse feita de última hora, a gente poderia ter uma tragédia”, ressaltou.

A nova plataforma, que este ano comportará 400 ambulantes, acima dos 320 do ano passado, começou a ser montada no dia 4 de janeiro. No entanto, a instalação gerou reclamações de comerciantes e banhistas da região, que apontam transtornos como barulho e sujeira. Para Graziela, apesar dos impactos iniciais, a medida era necessária. “A prefeitura está de parabéns este ano. Começaram antes, como eu tinha sugerido. Não dá para construir uma ferragem de última hora, ainda mais na areia. Assim, a população pode ter noção da estrutura e evitar riscos”, afirmou.

Já pensando na folia de 2026, Graziela sugere a construção de um toldo para proteger os trabalhadores. “O sombreiro que nos é fornecido não suporta. O sol forte castiga, a gente passa dias ali pegando chuva também, o que prejudica muito”, apontou.

Já a entrega dos kits para os ambulantes credenciados começa a ser realizada a partir do dia 20 de fevereiro, seguindo um cronograma que se estende até o início da folia. “A retirada é tranquila porque é estendida. Quem quiser pegar antes já pode, e quem preferir pode fazer depois. Assim, ninguém fica sem trabalhar”, explicou Graziela.

Críticas

Apesar do avanço na passarela, a sindicalista critica a falta de transparência e o baixo limite de credenciamentos para trabalhar no evento. “A verdade é que muitos ambulantes ficam de fora. A prefeitura credencia um número limitado de trabalhadores, cerca de 3.500, e quem não está dentro dessa lista não tem direito ao kit nem à autorização para trabalhar livremente no circuito”, apontou.

Ela destaca que essa limitação impacta diretamente a renda de muitos trabalhadores. “Tem gente que já vende há anos, que depende do Carnaval para sustentar a família, mas acaba sendo barrada pelo credenciamento. Alguns tentam se virar como podem, reaproveitando kits de anos anteriores”, explicou.

Outro ponto que gera insatisfação entre os ambulantes é a imposição do patrocinador oficial sobre os produtos comercializados. “Se o trabalhador não for credenciado, ele não pode vender produtos próprios dentro do circuito. Ou seja, ele fica obrigado a comercializar apenas os produtos da cervejaria oficial. Isso não é justo, nem para quem vende, nem para quem consome”, criticou.

Graziela também questiona a falta de liberdade de escolha do público. “O consumidor perde o direito de decidir o que quer beber, porque só encontra a cerveja da marca patrocinadora. E nós, ambulantes, também somos prejudicados, porque somos obrigados a vender apenas o que eles mandam. Isso tira a autonomia dos trabalhadores e limita as opções para quem quer aproveitar a festa”, afirmou.

Veja também