O Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), entidade cultural mais antiga do estado, foi contemplado com R$ 241 mil por meio de edital da Lei Aldir Blanc, conforme publicação no Diário Oficial da Bahia desta terça-feira (28). O montante foi autorizado pelo secretário estadual de Cultura, Bruno Monteiro — protagonista de uma disputa pública com o IGHB.
Segundo informações da coluna de Alexandre Galvão, do “Se Ligue Bahia”, as negociações incluiram acusações de perseguição institucional e improbidade administrativa. A aprovação do IGHB no edital ocorreu em abril, mas o pagamento só foi oficializado agora. À época da classificação, o presidente da instituição, jornalista Joaci Goés, celebrou a decisão com cautela:
“Atualmente, existe a pendência de julgamento de um mandado de segurança, impetrado pelo IGHB, e um processo administrativo no Ministério Público, que avalia a improbidade administrativa da gestão [de Bruno Monteiro] à frente da pasta. Se, por um lado, em condições normais de legalidade e de respeito ao princípio da impessoalidade, os dois certames são completamente distintos, por outro lado, a menção à classificação do IGHB como matéria de defesa da Secult nos deixa dúvidas sobre a conveniência da decisão de agora”, disse Joaci, ao Correio.
A verba será usada em ações de conservação e acesso ao acervo histórico: restauração de obras de arte e peças do mobiliário, digitalização de documentos do Arquivo Theodoro Sampaio e das revistas da Biblioteca Ruy Barbosa, além de melhorias estruturais como aplicação de películas protetoras nas janelas da sede do instituto.
O IGHB, que calcula seus custos operacionais em torno de R$ 60 mil por mês — sem contar gastos emergenciais com infraestrutura —, afirma que a verba dos editais públicos é essencial para sua sobrevivência. Segundo a entidade, os recursos do Fundo de Cultura excluídos no final de 2024 representavam cerca de 85% da sua receita anual.
A exclusão do instituto daquele edital gerou reações imediatas. O advogado Ricardo Nogueira, que representa o IGHB, apresentou denúncia ao Ministério Público da Bahia, acusando Bruno Monteiro de “abuso de poder” e de exceder os limites da legalidade na distribuição dos recursos culturais.