A vereadora Eliete Paraguassu (PSOL) se manifestou publicamente nesta terça-feira (27) contra o que classificou como um episódio de violência política de raça e gênero, supostamente praticado pelo vereador Claudio Tinoco (União Brasil), durante uma sessão extraordinária da Câmara Municipal de Salvador realizada no dia 22 de maio. O encontro, que ocorreu a portas fechadas, tratava da votação do projeto do Executivo sobre o reajuste dos servidores municipais.
Segundo Eliete, o episódio aconteceu em uma sala reservada, em meio à tensão que cercava a votação. Durante a sessão ordinária do dia 26, ela relatou ter sido verbalmente agredida. “Tinoco, chateado e nervoso naquele momento, disse: ‘Vereadora, o seu lugar não é aqui, seu lugar é lá na rua, com seu povo’. Não tenho medo de falar quando sou violentada verbalmente. Isso é racismo, quando dizem a uma vereadora eleita que este não é o lugar dela”, declarou.
O mandato da parlamentar classificou o ocorrido como uma demonstração de “racismo, misoginia e elitismo”, ressaltando que não se trata de um caso isolado, mas de uma prática recorrente de exclusão e silenciamento de corpos dissidentes nos espaços de poder.
Resposta de Tinoco
Por meio de sua assessoria, Claudio Tinoco respondeu às acusações, afirmando que sua atuação durante a sessão teve como objetivo evitar conflitos e garantir um ambiente de diálogo, inclusive com membros da oposição. Ele negou qualquer gesto de hostilidade e classificou a denúncia como “acusações graves”.
“A tentativa de distorcer os fatos e de propagar desinformação, inclusive com acusações graves e irresponsáveis, não apenas agride a verdade, como atenta contra o espírito democrático que deve prevalecer nas instituições públicas”, declarou o vereador.
O caso acendeu debates dentro e fora da Câmara sobre os limites da convivência política e o tratamento destinado a mulheres negras e representantes de comunidades periféricas nos espaços institucionais.