O vereador Randerson Leal (Podemos) criticou a forma como a Prefeitura está conduzindo a implantação das motofaixas em Salvador. Em entrevista ao Nordeste Agora, ele destacou que um projeto de lei de sua autoria, aprovado pela Câmara Municipal, ainda aguarda a sanção do prefeito para ser implementado.
“Existe um projeto de lei de autoria do vereador Randerson Leal que foi aprovado na Câmara Municipal. Está faltando apenas a sanção do prefeito. Só que, dentro do projeto, diz que antes da implantação nós precisaríamos de autorização do Senatran. Qual era o papel agora da prefeitura sancionar o projeto para colocar em prática, já que temos a autorização. Só que eles passaram por cima. Disseram que a Trans Salvador vai implantar, mas não dialogaram com a gente. A intenção é unir forças para ajudar a cidade”, declarou o vereador.
Randerson Leal também mencionou que tentou contato com o superintendente da TransSalvador para obter mais detalhes sobre o cronograma de implantação, mas não foi atendido. Apesar do processo já ter iniciado, o edil cobra da Prefeitura que sancione o projeto, de modo a garantir uma força conjunta nessa questão.
“Até tentei falar agora com o superintendente. Ele não me atendeu, mas mandei mensagem. Estou esperando ele me retornar para entender o cronograma. No projeto de lei, já elaboramos a forma de implementação, que seria de forma gradual, até para a gente fazer avaliação de como será implantada em outras avenidas”, explicou.
Senatran aprovou
A Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) aprovou, nesta quarta-feira (12), a criação de motofaixas em Salvador, um espaço exclusivo para a circulação de motociclistas. O pedido foi feito pela Prefeitura, por meio da Superintendência de Trânsito de Salvador (TransSalvador), que apresentou estudos comprovando a necessidade e viabilidade do projeto.
Com a decisão, Salvador se torna a terceira capital do Brasil a receber essa autorização, oficializada pela Portaria nº 112, do Ministério dos Transportes. O primeiro trecho será implantado na Avenida Mário Leal Ferreira (Bonocô), com sinalização específica para organizar o trânsito de motos e aumentar a segurança viária, sem alterar o fluxo já existente. Apesar da via dedicada, os motociclistas deverão respeitar os limites de velocidade estabelecidos.
De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito da Bahia (Detran-BA), a frota de motocicletas na cidade cresceu 33% nos últimos cinco anos, passando de 160.792 motos em 2020 para 215.393 em 2024, sem contar veículos de outros municípios que circulam na capital. Esse aumento também se reflete nos índices de acidentes. Somente em 2024, foram registrados 3.063 ocorrências envolvendo motos, resultando em 84 mortes, das quais 61 foram motociclistas. Esse número corresponde a 59% do total de óbitos no trânsito da cidade no período.
Experiência Paulista
O número de mortes de motociclistas em vias com Faixa Azul teve uma redução significativa de 47,2% entre 2023 e 2024, segundo dados do Infosiga, sistema estadual de monitoramento da letalidade no trânsito. O total de óbitos caiu de 36, em 2023, para 19 no ano passado.
Apesar desse avanço, a cidade de São Paulo registrou um aumento de 25% nas mortes envolvendo motociclistas no primeiro trimestre de 2024 em comparação ao mesmo período de 2023. Foram 108 vítimas fatais entre janeiro e março deste ano, contra 86 no mesmo intervalo do ano anterior.
Esse crescimento ocorre mesmo após a ampliação das Faixas Azuis, iniciativa do prefeito Ricardo Nunes (MDB) para reduzir a letalidade no trânsito. Até dezembro de 2023, a capital paulista já contava com 90 quilômetros dessas faixas, distribuídas em dez avenidas, sendo a maioria implementada após setembro.