O vereador, e presidente da Frente Parlamentar de Preservação do Centro Histórico, Cláudio Tinoco (União), criticou as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o tombamento de patrimônios históricos no Brasil. Lula afirmou nesta quinta-feira (6) que tem “bronca” do processo de tombamento, pois ele dificultaria investimentos e resultaria no abandono de bens históricos.
Em entrevista ao Nordeste Agora, Tinoco afirmou que “é graças ao tombamento que não perdemos nossa história”. O vereador discordou e classificou a fala do presidente como uma tentativa de transferir responsabilidades. “Essa é uma fala que, para mim, soa como escamoteando, tirando um pouco a responsabilidade. Por outro lado, demonstra também um pouco essa intenção de transferir responsabilidades”, afirmou
Para ele, culpar o tombamento pelo abandono de patrimônios é um erro. “O tombamento do patrimônio material é feito exatamente para preservar. Não tem outro intuito. Então não pode culpar o tombamento, pelo contrário. Para todo mundo que conhece um pouco da preservação, o tombamento vem para isso”, enfatizou.
O ex-secretário de turismo da cidade ainda ressaltou que a preservação do patrimônio histórico exige recursos e um planejamento concreto para reabilitação. Ele mencionou, por exemplo, que um projeto executivo para restauração da Igreja de São Francisco, cujo teto desabou nesta quarta-feira (5), já havia sido apresentado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), mas não recebeu atenção suficiente.
“Eu fiquei constrangido ontem porque o superintendente do Iphan na Bahia, figura que eu conheço e que já foi do Iphan nacional, disse: ‘Olha, estou aqui com um orçamento, uma proposta de restauro para primeiro fazer um projeto executivo, custando R$ 1,2 milhão’. E ele parece que já tinha passado isso para cima, para o Iphan Nacional ou para o próprio Ministério da Cultura”, relatou Tinoco.
Diante da tragédia em Salvador, Tinoco defendeu que o governo federal adote uma política clara e eficiente para a preservação do patrimônio histórico, garantindo investimentos constantes. “É melhor baixar um pouquinho a bola, não transferir responsabilidade, não escamotear e, pelo contrário, valorizar o tombamento. É graças aos processos de tombamento que nós ainda não perdemos muitas referências históricas e culturais nesse país”, concluiu.
